Eu acredito que conheci o que é ser escutada de verdade, quando precisei, há mais ou menos 12 anos atrás, após o término de um relacionamento. Eu estava vivenciando um luto e não encontrava apoio emocional na minha rede de amigos ou família. Mesmo que eles tivessem a intenção de me apoiar, o que faziam era tentar me “colocar pra cima”.
Escutei conselhos, palavras motivacionais, críticas ao meu ex companheiro. Mas não era nada daquilo que eu precisava, eu só precisava de espaço e companhia para poder chorar e vivenciar a tristeza daquele momento. E foi aí que encontrei essa qualidade de escuta, no Centro de Valorização da Vida (cvv.org). Buscando um trabalho voluntário, encontrei o apoio que eu precisava e aquela experiência transformou para sempre minha percepção sobre a ausência de escuta genuína em nossas relações íntimas, como retrato de nossa sociedade.
Foi essa experiência que me levou até a CNV, 5 anos depois, onde conheci o conceito de pares empáticos e rede de apoio intencional. O par empático é alguém com quem trocamos empatia, em momentos acordados. Uma rede de apoio intencional abrange o par e se estende a pessoas que são capazes de escutar e validar nossas experiências emocionais, sem julgamentos, sem nos dizer o que devemos ou não fazer.
Desde então, não vivo sem a empatia! E claro, sem minha rede de apoio! Elas me permitiram não apenas me aprofundar na CNV, mas a me manter viva (eu brinco às vezes, mas é verdade). Ter um espaço onde meus sentimentos e necessidades são validados, em uma sociedade que insiste em dizer que não deveríamos nos sentir tristes, não tem preço, além de me trazer clareza, compreensão e conhecimento sobre mim mesma.
Eu sou suspeita, é claro, mas não canso de militar a favor da empatia e de que aprendamos a escutar de maneira genuína as pessoas de nossas vidas. A escuta nos acolhe, nos empodera e por muitas vezes, salva vidas!
Não foi à toa que eu criei os cursos: “Amarelo”, sobre a empatia para apoio emocional e o “Escutar Muda Tudo” sobre empatia para transformar vidas, conflitos e relacionamentos. Ambos estão disponíveis para assinantes da Humanize e esperando por você! Basta fazer sua inscrição. 😉 Vem?😉
Por Thayna Meirelles
Conheci o poder da empatia em 2019 quando estava vivendo todo o estresse e conflitos do término de meu casamento. Me lembro bem que eu experimentava o pânico de achar que a vida não teria mais sentido e que eu não seria capaz de cuidar de meus filhos sozinha. Era uma fase de transição pra um novo começo e eu não conseguia confiar em mim mesma.
As pessoas me aconselhavam e queriam me apoiar dando sugestões, opinando sobre o que eu deveria fazer, criticando toda a situação e me dizendo que eu não poderia sofrer pois tinha que ser forte pra apoiar meus filhos. Viver tudo aquilo era desesperador. Eu sentia muita raiva de tudo, de mim, do mundo e da vida. E me sentia profundamente sozinha.
Foi nessa época que eu conheci a Comunicação Não Violenta e comecei a aprender todos os convites de viver esse novo paradigma. E foi através de uma escuta empática que me reconectei comigo, após ter espaço para expressar toda a minha dor e ter a minha experiência emocional validada. Quando reconheci todas as minhas necessidades descuidadas em todo aquele processo de separação, foi que consegui viver o luto de algo que era tão importante pra mim. Foi através da empatia que consegui confiar que eu encontraria novas maneiras de cuidar de mim e de meus filhos.
Foi também em uma escuta, após receber a empatia que eu precisava, que consegui pela primeira vez abrir espaço em mim para tentar enxergar e compreender as necessidades de meu ex-marido e isso foi transformador, pois consegui me conectar com o ser humano, para além da imagem de vilão que em muitos momentos meus julgamentos me faziam acreditar. Isso definitivamente mudou todo o fluxo da história, transformando nossa relação para vivermos uma parceria respeitosa e focada em cuidar da melhor maneira possível do bem-estar de nossos filhos.
Eu experimentei a retomada de meu poder pessoal através da empatia e hoje vivencio e testemunho essa experiência nos espaços de empatia que participo. Em nossos grupos de prática de escuta eu costumo dizer que empatia é ferramenta de empoderamento, afinal, encontrar espaços de escuta e acolhimento para sermos recebidos, sem julgamento e tendo nossas experiências emocionais validadas, nos relembra o que realmente importa e nos devolve o poder de escolher novos caminhos.
E é tão escasso em nossa sociedade esses espaços que criar rede de apoio intencional e comunidade é também nosso propósito na Humanize. E você pode fazer parte dessa rede.💞
Por Marci Sousa
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